Zero Kelvin

Vitoriamario tem sido valente e corajoso ao enfrentar todos os arquétipos em seu rito de iniciação matinal. Parabéns Vitoriamario! Colorido, 5 minutos e 30 segundos, Brasil 2002 - mpg

Qual o seu real valor?

Roteiro inacabado em que o vídeo Zero Kelvin foi baseado.

Cena 1 – Vitoriamario e seus múltiplos

(A Cena se passa dentro de uma sala de interrogatórios, nela somente Vitoriamario sentado numa cadeira atrás de uma mesa, uma lâmpada bem acima da mesa suficiente para iluminar também uma corda de descarga que se encontra ao lado e no auto. Sons de vespeiro com notas soltas de piano, de repente o som para)

Vitoriamario: Seco, outra vez. (tempo, se levanta e puxa a descarga)

(tempo, VM passa a mão no rosto, na outra segura a corda, neste abre-se a luz, o restante do cenário são espelhos côncavos, que estão afinados na imagem do personagem, VM volta seu olhar entre a corda e os espelhos, som tênue, somente uma nota com arco em contrabaixo acústico)

VM: O quê somos?

Espelhos Côncavos (instantaneamente grita): Não somos nada. (ao gritar tremem e aproximam-se de VM, cercando-o definitivamente)

VM: (VM dá as costas, tira do bolso cartas e manuseia-as) Passo o dia me ocupando com conceitos novos, (enfático) neles há construção, quem me supõe isto são os entusiastas, eu imprimo todos bem no meio da testa.

(cena em outro tempo “lembrança”: a luz volta-se para um canto nela um rei como o das cartas com uma espada na mão. Música temática começa)

Rei: VM tem sido valente e corajoso, tal dignidade em defender a coroa, seus esforços merecem uma recompensa. Muito bem Vitoriamario. (indiferente, entrega-lhe a espada) E quanto as garantias, são as das letras miúdas, (aponta) no verso.

(A cena volta para VM que brevemente lê as instruções da espada e lança-a ao espelho. Neste instante a música simula um redemoinho, como água numa pia, todos giram, dos cacos do espelho seus múltiplos insurgem, todos os movimentos são idênticos em sincronia com os sons)

VM 2: Um vespeiro, com tantos ferrões…

VM 3: Minha sede é…

VM 4: Outra…

VM 2: Se faz da água, eu bato asas (um movimento de esforço), então o vento sopra.

VM 3: Bem isso…

VM 4: E mais isso…

VM 2: E isso…

(conforme os esforços baixa um ventilador soprando forte e varrendo todo o cenário)

VM: Os ventos sopram pra todos nós. (cada um prende-se numa hélice e lançam voo)

Cena 2

(O cenário é composto de grandes peças de dominó emparelhadas em pé, no auto um cofre. As ações dos VMs vão se trocando e confundindo, da sincronia para erros, trocas de movimentos que constantemente vão se transformando, cada troca interage em iluminação, música, textura e visualidade do cenário. Música com intensa variação de sons, timbres, alturas e força para cada transformação. Com o passar do tempo VMs vão percebendo as transformações, mesmo assim não param)

VM: Meus enganos. Deles não sou mais o mesmo, sacos cheios, pilhas e pilhas, carrego todos que posso, outros se armazenam no tempo que não domino.

(VM empurra a primeira peça de dominó, ao cair a última o cofre se abre, o som de chuva começa, neste momento dois passantes atravessam o palco)

Passante 1: (aponta para o cofre) Olhe aquela nuvem em formato de segredo.

VM: Chove nuvem! Chove!

(Os dois Passantes tiram guarda-chuvas gigantes e realizam truques ao redor dos VMs)

VM: Conte a todos os segredos, desfaça a cifra e o por cento.

(processo de desconstrução do que está no palco, todos os movimentos e música são retrógrados, movimentos considerados impossíveis são realizados através de ilusão de ótica. Um dos passantes se torna Alice, o outro Luther Blissett, seus guarda-chuvas se transformam em revólveres e atiram um no outro, após isto tudo fica escuro. tempo)

(A cena se recomeça com locuções gravadas de pessoas da rua em dia de chuva, mesclando com sons de mulher em estado de parto, gravações de telefone e enganos, o telefone toca novamente)

VM: Alô!

Telefone: Vitoriamario, qual seu real valor?

(acende a luz, som de linha caída, VM está de ponta cabeça)